top of page
Foto do escritorRedação

Brasil pode se tornar referência em economia verde, mas ainda engatinha nos investimentos

Fonte: Jornal Opção


Organizações Não Governamentais (ONG) ligadas à causa ambiental, e a própria Organização das Nações Unidas (ONU), alertam para a urgência em substituir a matriz energética baseada em combustíveis fósseis no intuito de manter as condições climáticas mínimas necessárias para a sobrevivência da espécie no planeta. Devido ao seu potencial na produção de energias renováveis, o Brasil pode assumir papel de liderança nesse momento de transição energética, entretanto, o cenário presente demanda mais investimentos. 


Em 2021, o Brasil bateu seu recorde de emplacamento de veículos elétricos, com crescimento de 77% em relação ao ano anterior. O aumento é expressivo e deve continuar, entretanto, a frota de veículos elétricos do país corresponde a 0,2% dos veículos leves em circulação, e menos de 0,1% de todos os veículos registrados.


Atualmente, o país se encontra refém do sistema energético já instalado (e das companhias que representam o setor), já que as estruturas e tecnologias ligadas aos combustíveis fósseis se fazem mais acessíveis e práticas. No intuito de dar início à vanguarda brasileira da energia verde, é preciso reforçar investimentos na pesquisa, criar mecanismos legais que incentivem o mercado, além de trabalhar a conscientização da população sobre a importância da mudança. 


Hidrogênio verde 

Um tipo de combustível que pode ser considerado sustentável e tem tido certa relevância no mercado é o Hidrogênio Verde. Esse tipo de combustível é obtido através de um processo de separação da molécula de água (H2O) em hidrogênio (H2) e oxigênio (O2) por meio da passagem de uma corrente elétrica na solução aquosa. Se a corrente utilizada for de fonte renovável, o Hidrogênio obtido pode ser considerado sustentável, o Hidrogênio Verde. 


Para além de se colocar como uma alternativa ao uso dos combustíveis fósseis, o Hidrogênio Verde serve como matéria-prima em outros setores como na indústria de aço, metais e a farmacêutica.


A BloombergNEF (Organização de pesquisa voltada para o campo da energia) fez estimativa de que, para neutralizar as emissões de carbono globalmente, será necessário utilizar cerca de 390 milhões de toneladas de hidrogênio por ano até 2050, o que representa quatro vezes o volume atual. Ou seja, existe demanda, caso haja investimento nos setores responsáveis por garantir a oferta. 


O que se vê no cenário atual não aponta para o sucesso brasileiro em dominar esse mercado. Clientes acabam por adiar suas encomendas devido à necessidade de modernizar suas instalações, além do que, o custo de produção do hidrogênio verde é quatro vezes maior do que o do hidrogênio tradicional.


Apesar dos empecilhos que a transição apresenta, a BloombergNEF prevê ainda que o Brasil poderá ser um dos poucos países capazes de oferecer hidrogênio verde a um custo inferior a US$ 1 por quilo até 2030. Para que esse cenário se concretize, entretanto, o país deverá investir cerca de US$ 200 bilhões até 2040 em infraestrutura e indústria.


Enquanto isso, medidas legislativas para incentivar o setor engatinham. Na última segunda-feira, 12, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que cria incentivos fiscais para projetos de hidrogênio verde. A iniciativa prevê subsídios e descontos no imposto CSLL para empresas do setor. 


Um levantamento da Folha estima que mais de R$ 180 bilhões em investimentos já foram anunciados por empresas privadas, como Qair, Shell e Fortescue. Contudo, apesar dos anúncios, a maioria dos projetos ainda não saiu do papel, e o hidrogênio verde permanece distante da produção em massa. Para além dos investimentos privados, é urgente incremento de verba por parte do Estado.


Para que, de fato, os combustíveis sustentáveis comecem a substituir os fósseis, e para que o Brasil se aproxime das metas de desenvolvimento sustentável da ONU, é preciso criar a coragem de desafiar as estruturas já estabelecidas e realizar investimentos comprometidos com o futuro não só do país, como do mundo.

2 visualizações0 comentário

Comments


bottom of page